terça-feira, 20 de julho de 2010

Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele(...)

caio fernando abreu

terça-feira, 13 de julho de 2010

chorei por três horas, depois dormi dois dias. parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. olhar, quando já não se acredita no que se vê. e não sentir dor nem medo, porque atingiram seu limite. e não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total. até a próxima morte, que qualquer nascimento pressagia.

caio fernando de abreu